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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Tem dias que bate um desânimo.

Hoje é um dia desses em que bate um desânimo no peito. Um dia em que parece que os nossos atos são míseras gotas em um oceano sem fim.
Todos os dias alimento os cães do Campus, medico alguns que aparecem com sarna, machucados por brigas, etc, me enfio no meio de todos os cães para resgatar uma cadela no cio para resguardá-la e castrá-la, evitando assim inúmeros outros cães por aí.
Em meio a tantas atividades o desânimo por vezes aparece querendo me dizer que o que eu faço não faz diferença nenhuma no caos vivenciado atualmente pelos cães abandonados nas ruas. A cada dia surgem mais cães novos na FURG, no meu bairro, na cidade inteira.  
Muitas pessoas se sensibilizam com as coisas que eu faço, perguntam como ajudar com a ração, me mandam recados avisando que tem filhotinho novo no Campus, que o cachorrinho tal está doente, machucado, e por aí vai.
Mesmo assim, com a sensibilidade de alguns, a indiferença dos outros consegue piorar muito a situação. É muito complicado para mim observar as pessoas enxotando os animais, ignorando o sofrimento deles e o pior: Não se identificando como responsáveis por esta situação. 
Sim, porque se existem animais abandonados, jogados pelas ruas, certamente não é por existirem pessoas como eu e sim por existirem pessoas como estas que ignoram completamente a situação.
Hoje tive de trocar o local das bacias com ração, foi preciso tirá-las da volta do Centro de Convivências e do Restaurante Universitário por estarem atraindo ratos. 
Tenho plena consciência que isso pode gerar sérios problemas ao RU e aos comerciantes do Centro de Convivências e eu não quero prejudicar ninguém, muito menos quem se utiliza desses serviços. Tenho noção da gravidade que pode ser gerada através da contaminação por roedores, inclusive aos próprios animais que se alimentam nas bacias.
Enfim, as bacias agora estão próximas à Guarita da Vigilância na entrada do estacionamento do Pav. 04.
Mas sabe o que me questiono? De todas essas pessoas que não querem/não gostam dos animais dentro do Centro de Convivências nem em seus arredores porque podem trazer doenças ou porque eles pulam nos lanches das pessoas etc... Quantas delas alguma vez na vida pagaram a castração de uma cadela de rua? Quantas delas uma vez na vida recolheram um cadela e levaram para castrar? Quantas delas evitaram que inúmeros outros cães nascessem? Quantas adotaram um cãozinho de rua? Quantas exigiram ou exigem da prefeitura um projeto de castração em massa? Quantas exigem da universidade uma política correta para com os animais? Quantas? Nenhuma talvez.
Reclamam do resultado, querem políticas higienistas, querem que removam os cães, coloquem-os em qualquer outro lugar, longe dos olhos e se esquecem que os animais são tutelados pelo Estado e devem ser respeitados.

Isso dá um desânimo.

Os animais de rua são um problema social muito sério e deve ser resolvido por todos nós, não somente por aqueles que amam os bichos. 
Eu não utilizo o sistema público de saúde, não utilizo mais o transporte coletivo, mas me solidarizo com todos os problemas relacionados porque afetam muitas pessoas ao meu redor e porque um dia eu posso necessitar desses serviços. Sendo assim, eu tenho esperança de que pessoas que não gostam de cães e gatos, muito menos os de rua, um dia compreendam que fazemos parte de uma grande engrenagem e que todos devem colaborar com as causas sociais para que no futuro o problema seja bem menor.
É tão simples e tão complicado.
Mas ainda tenho esperança que um dia isso mude.


 
Ufa, acho que aliviou um pouco o desânimo.

Simbora continuar fazendo o de sempre e crendo que no futuro será melhor.